HIV: cientistas anunciam quinto paciente curado após transplante de medula óssea

Cientistas do Hospital Universitário de Düsseldorf, na Alemanha, anunciaram o quinto caso já registrado no mundo de um paciente que entrou em remissão para o HIV, considerado curado. Assim como nas vezes anteriores, o feito é resultado de um transplante de medula óssea para tratar um quadro de leucemia de um doador com genética resistente ao vírus. O estudo em que relatam o acompanhamento do paciente foi publicado na revista científica Nature Medicine nesta segunda-feira.

O homem que entrou em remissão tem 53 anos e ficou conhecido como “paciente de Düsseldorf”, em alusão à cidade onde fica o hospital. Ele foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda (LMA), um tipo de câncer, em 2011, seis meses após dar início ao tratamento para o HIV. Em 2013, precisou passar por um transplante de medula óssea, também conhecido como transplante de células-tronco, devido ao avanço do tumor. Foi quando os médicos buscaram um doador com genética resistente ao vírus.

“Desde o início, o objetivo do transplante era controlar tanto a leucemia quanto o vírus HIV”, disse o médico Guido Kobbe, que realizou o transplante, em comunicado.

Para isso, selecionaram um doador com uma mutação rara no receptor das células que o HIV utiliza para atacar o sistema imunológico, o CCR5. Já foi comprovado que essa alteração torna as pessoas resistentes à maioria das cepas do HIV pois bloqueia o caminho da infecção e impede a replicação do vírus no organismo. Foi a mesma estratégia adotada nos pacientes anteriores considerados curados.

paciente foi em 2009, quando o homem que ficou conhecido como “paciente de Berlim”, Timothy Ray Brown, tornou-se a primeira pessoa no mundo a ser considerada curada do HIV. Ele viveu por 12 anos sem o vírus, porém morreu em 2020 em decorrência do câncer. Além de Brown, houve o caso do “Paciente de Londres”, Adam Castillejo, em 2019, de uma mulher e um homem, ambos no ano passado, que decidiram permanecer no anonimato.

Os casos, embora sejam bons sinais na luta contra o vírus, não envolvem um tratamento indicado a todos os infectados. Isso porque um transplante de medula óssea envolve uma série de riscos, tem uma alta complexidade e depende de doadores compatíveis. Logo, só é recomendado para aqueles que de fato precisam do procedimento devido a um quadro avançado de câncer.

“Embora o transplante usando doadores com uma mutação CCR5Δ32/Δ32 não seja um procedimento de baixo risco nem facilmente escalonável, sua relevância para estratégias de cura é destacada por relatos recentes de remissão bem-sucedida do HIV-1 a longo prazo (…) A expansão dessa abordagem para introduzir a mutação CCR5Δ32 em enxertos de células-tronco de tipo selvagem usando terapia gênica em combinação com novas estratégias de redução de reservatório pode manter a promessa de uma cura para o HIV-1 fora das malignidades hematológicas (como a leucemia) com risco de vida”, escreveram os pesquisadores no estudo.

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