Casal é expulso de clube ao levar lanche para filho autista no Entorno do DF

Um casal do Distrito Federal foi expulso do clube Águas Correntes Park, localizado na Cidade Ocidental (GO), após entrar com alguns alimentos restritos e destinados ao filho autista, de 4 anos. A situação ocorreu nessa quinta-feira (25/8) e, em entrevista ao Correio, o pai e a mãe contaram que se sentiram constrangidos e injustiçados com o ocorrido. Nas redes sociais, a direção do parque aquático publicou uma nota de esclarecimento informando que vai apurar os fatos.

Caroline Cavalcante, 41, e Bruno Augusto, 35, são moradores da Asa Norte. Eles buscavam por um clube atrativo e que pudesse atender as necessidades do filho Daniel. Por meio de boas indicações e pelas redes sociais, o casal decidiu ir ao Águas Correntes, distante cerca de 40km do Plano Piloto. Por ser autista, a criança tem seletividade alimentar e não come qualquer tipo de alimento.

O site do parque informa que está proibida a entrada de alimentos e bebidas em geral, panelas, vasilhas e caixas térmicas. Mas, segundo a mãe, o clube havia sido comunicado da condição de Daniel com antecedência. Quando a família chegou ao local, apresentou o documento de identidade da criança com a informação de que ele era autista e mostrou o kit de lanche. “Ele come poucas coisas e aceita os alimentos de acordo com a embalagem. Por exemplo, suco de uva ou biscoito. Na portaria, tivemos que deixar vários itens. Tínhamos levado dois salgadinhos e só entramos com um. O suco, eu levei quatro, mas só entramos com um”, relatou a publicitária.

Expulsão

O casal e o filho chegaram por volta das 11h ao clube e ficaram por pouco menos de duas horas. Bruno Augusto, marido de Caroline, conta que foi abordado e repreendido por um segurança. “Ele disse que eu não poderia levar comida e eu expliquei a situação dizendo que havíamos comprovado tudo. Cheguei a ir na lanchonete do local, mas lá não tinha os alimentos que meu filho consome”, disse.

Pela segunda vez, enquanto estavam na piscina com o filho, o funcionário do clube retornou e falou novamente que a entrada de alimentos não era permitida. De acordo com o casal, o segurança agiu de forma ríspida e grosseira. “Meu marido disse que não ia devolver as comidas e, de maneira humilhante, mandou a gente se retirar. Foi uma situação constrangedora. Buscamos a direção do clube, mas não tinha ninguém lá. Foi uma equipe totalmente despreparada e sem um gestor para mediar aquele conflito”, desabafou Caroline.Pelas redes sociais, o Águas Correntes Park veiculou que apura os fatos para adotar as medidas necessárias ao esclarecimento e correção das políticas internas. “Informamos ainda que repudiamos qualquer ato discriminatório e que estamos empenhados em corrigir possíveis falhas e prestar o melhor atendimento possível.” Por fim, a empresa pediu desculpas à cliente.

O que diz o estabelecimento

Narciza Leão, uma das sócias proprietárias do estabelecimento, reafirma que todos são bem-vindos no Águas Correntes Park. Ela observa que, em 30 anos de funcionamento, o estabelecimento sempre prezou pelo compromisso de lidar com políticas inclusivas. "Na prática, é uma ferramenta poderosa para a construção de um mundo melhor", avalia Narciza.Por meio da assessoria de comunicação do Águas Correntes Park, argumentos de "uma criteriosa análise interna sobre o que de fato ocorreu" com a família de clientes foram elencados. Nos esclarecimentos, os representantes da empresa afirmam que: "apesar de não ter sido comprovado documentalmente (como exige a legislação), em nenhum momento foi proibida a entrada de alimentos especiais" para o filho da cliente que, segundo descreve possui Transtorno do Espectro Autista (TEA). "Nossa equipe orientou a cliente sobre as normas do parque que — à exceção dos casos amparados por lei — não seria permitida a entrada de alimentos e bebidas para os demais clientes", relata o documento do Águas Correntes.

Com "enorme espanto", os responsáveis pelo parque, que reafirmam o compromisso de atender clientes, de modo indistinto, com reforço em quesitos humanos e primando pela qualidade, a equipe teve contato com o teor do relatado pela cliente, em um vídeo que teve ampla circulação e acolhidas no ambiente das redes sociais. "Diferente do que foi dito, a mesma, por livre e espontânea vontade, decidiu deixar as dependências do parque. Em nenhum momento, nossos colaboradores a expulsaram ou a desrespeitaram. Muito pelo contrário, durante todo ocorrido, o objetivo era solucionar o problema e esclarecer os questionamentos da cliente".

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